Sobre "Les Classiques"




O espetáculo “Les Classiques” formado por um compêndio de números clássicos pertencentes ao universo do circo é levado pela Cia “Absurda Confraria” de São Paulo, que, para esse caso, renomeia-se como ‘Grand Cirque Les Classiques’ e perambula com seu cortejo tal qual uma troupe de palhaços sem rumo e em busca de sobrevivência. Ela irrompe por meio de um grande cortejo musical convocando todos para um grande acontecimento, aporta, arma o seu picadeiro e realiza seu espetáculo. Qüiproquós, grandes feitos, muita magia às avessas, desacertos e disparates interativos acontecem com a exposição de seu repertório.
Do encontro com o público manifesta-se a poesia cômica que transforma o espaço por onde passa. O bando chega, apresenta-se, segue o seu caminho mambembando para outro lugar, em um devir ininterrupto como é próprio do circo.

“Les Classiques” já percorreu diversas cidades, praças,
SESC’s na capital, litoral e no interior de São Paulo. 


A INTERVENÇÃO

Entrada

Vindo de todo lugar para algum outro lugar, seja ele qual for, a troupe adentra o espaço: em marcha, um apresentador apregoa a grandeza de seu circo, o faquir é içado por uma corda, a grande caixa mágica é conduzida pela dupla de assistentes, palhaços carregam as suas malas de viagem, outros produzem bolas de sabão, todos, enleados pela música, cantam, convocam, anunciam números grandiosos e impressionantes, remontam a sua arena abrindo espaço em meio ao público e começam o espetáculo.

Ação

 O Apresentador, ao centro da arena, comunica a chegada de um grande faquir e sua assistente. Eles realizarão um número mortal que sai pela culatra. Um tenor de renome internacional tenta organizar o seu recital e tudo dá errado, uma grande e famosa vidente é chamada para desvendar os mistérios do além e revela-se uma farsante de marca maior.
Os números são sublinhados pela ambiência musical de uma velha sanfona que lhes confere caráter ainda mais burlesco e dramático.
A atuação dos palhaços possui em sua constituição a interatividade, jogos de improviso que convocam e mobilizam o público e, desse modo, integram-se ao espaço por onde passam levando consigo a tentativa perene de realizar “O Melhor Espetáculo da Terra”. O intento é evidentemente ingênuo e pretensioso. A comicidade nasce do absurdo entre a seriedade com que as coisas são tratadas e a condição desarranjada na qual essa trupe se encontra e realiza seus números.

As dinâmicas detalhadas são as seguintes :

‘’MADAME QUILOMBETA’’

É apresentada ao público uma vidente internacional.
São anunciados seus atributos, poderes especiais de adivinhação e profecia do futuro.
Ela é vendada por sua partner e posta ao centro da arena. O público presenciará uma série de eventos em que a vidente provará os seus poderes, desvendando perguntas e revelando elementos e objetos de seu entorno.
Tudo vai sendo descoberto, as artimanhas evidenciam-se e ao final Madame Quilombeta revela-se uma grande trambiqueira.

“ALÔ SOM!”

É chamado ao picadeiro o grandioso e renomado cantor, tenor experiente e viajado pelas mais importantes óperas do mundo. O Palco é então preparado para a sua récita. Nesse ínterim uma dupla de palhaços-funcionários que está varrendo o local depara-se com um microfone, interrompe o serviço com a intenção de aproveitar a oportunidade e apresentar, a seu modo, um show de música. Para tal testam o microfone, sacam do bolso um velha gaita, e apresentam: “La musique”. Quando começam a “barulheira”, chega então palhaço-tenor que os reprime proibindo-os de tocar “ali”. A literalidade do “ali” é compreendida de maneira que recriam um novo microfone bem ao lado, e tentam dar início ao show novamente. Logo a figura repressora retorna e os proíbe de tocar tanto “ali” quanto “acolá”, e assim a dupla numa terceira e até provocadora tentativa de tocar nem “ali”, nem “acolá” e sim “no meio” tiram do sério o terceiro palhaço. Um qüiproquó é armado, o grande tenor irritado com a situação, expulsa a dupla de desordeiros para tomar seu espaço. Ao tentar emitir a primeira nota, consegue produzir apenas um rouco desafino. Envergonhado ele alega ao público que perdeu a voz pelo nervoso que passou. Tenta de novo e não consegue. Irado ele então começa um jogo de perseguição aos outros dois palhaços.


“O GRANDE FAQUIR”

É apresentado ao público um grande faquir vindo diretamente das Índias, são narrados os seus feitos e capacidades extraordinárias. Anuncia-se que ele apresentará um número de grande sucesso no mundo, tudo permeado por uma atmosfera misteriosa. É a promessa de um acontecimento extremamente impressionante, afirma-se com seriedade que o mesmo não deve ser repetido em casa.
Ele finge perfurar a cabeça de sua ajudante coberta por um pano com objetos perfuro-cortantes e então, logo em seguida, a exibe sem absolutamente nenhum arranhão. Depois de tal ilusionismo se repetir em graus cada vez mais avançados, incitando a curiosidade do público, o truque é finalmente revelado por um descuido desmascarando o faquir fajuto.

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Duração total da Performance :   

cortejo e ação em ponto fixo - 55 min.





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